Negras vendedoras de angu, Debret, 1834 - 1839. |
"SUCULENTA E GOSTOSA", diz Debret, a iguaria a que chamam angu compõe-se de diversos pedaços de carne aos quais se juntam banha de porco, azeite dendê, quiabos, folhas de nabo, pimentão, salsa, cebola, louro, salva e tomates. A isso mistura-se farinha de mandioca molhada. Essa comida, eminentemente popular, também se servia à mesa dos ricos. É de se observar, de resto, que os quitutes africanos muita influência tiveram na alimentação do brasileiro branco. Traziam os negros, de seu clima semelhante ao nosso, uma experiência milenar, uma capacidade bem mais rica que a dos índios de aproveitamento dos frutos da terra. Para o preparo do angu usavam as negras marmitas de ferro batido colocadas sobre fornos portáteis. conchas grandes e chatas e cacos de barro faziam as vezes de pratos para os fregueses. As vendedoras encontravam-se nas praças ou em suas quitandas. Com uma porção de quatro vinténs, recoberta por uma folha de couve ou de mamona, e algumas bananas, tinha-se alimento para cinco ou seis pessoas. Em obediência à mesma técnica culinária faz-se hoje o angu com farinha de milho ou de arroz, para ser comido tanto com carnes como com peixe.
Fonte: Cadernos do Arquivo 1, Arquivo
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